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Foto do escritorInstituto Rota dos Parques

Por que nós devemos nos preocupar com a extinção animal?

Atualizado: 10 de mar. de 2019


Nas últimas décadas vemos um crescimento significativo na adoção de animais domésticos como cachorros, gatos, calopsitas, cavalos, dentre outros. Considerando apenas a população canina, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cachorros vivendo em 44% das casas dos brasileiros. Estes números revelam, portanto, que a população de cães domesticados no Brasil chega a 52,2 milhões! Podemos deduzir que as pessoas, em sua maioria, querem um amiguinho bicho por perto, para sentirem-se mais felizes, compartilhando amor e carinho. É possível ver pelas redes sociais e outras mídias as inúmeras manifestações de carinho e apego a animais de pequeno porte. No entanto, na contramão deste amor animal (doméstico, por assim dizer) vemos a triste realidade do aumento do número de animais silvestres extintos ou em processo de extinção.


Raro descendente da Tartaruga Gigante (a tartaruga de Darwin!) e a esperança da recuperação a espécie mesmo após ter sido declarada extinta. Foto: Divulgação

De acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) há, em dados atuais, em torno de 5.200 espécies de animais em risco de extinção. Deste número, 25% compreendem anfíbios e mamíferos, 11% são o grupo das aves, 20%, os répteis e 34% é composto pelo grupo dos peixes. O mundo está passando por uma "aniquilação biológica" de suas espécies animais, um fenômeno que já pode ser considerado uma sexta extinção em massa e que é mais grave do que parece, conforme apontado em estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), em Julho de 2017.


O que ou quem é o responsável pelo sumiço de tantos animais?


A Onça pintada brasileira no risco da extinção há anos. Foto: Divulgação

Há várias respostas, uma delas está lidada ao aquecimento global e as drásticas mudanças climáticas pelas quais estamos passando. Outros fatores colaboradores para esta catástrofe é a caça ilegal (que teima em perpetuar-se mesmo diante de tanto protesto), o desmatamento desenfreado e uma série de outras causas que, em sua grande maioria são protagonizadas pelo “bicho homem”. Segundo os responsáveis pela publicação, há ainda uma perspectiva "sombria sobre o futuro da vida, inclusive humana” orientadas por problemas ambientais globais causados pelo homem.


“Uma borboleta bate asas em São Paulo e um tufão atinge Pequim”.


O dito que há tempo se tornou popular refere-se ao “Efeito Borboleta” da Teoria do Caos. Esse estudo trata de ações que quando não pensadas ou cometidas inconscientemente afetam, por vezes sem qualquer intenção, locais diferentes de onde foram iniciadas. Sua ideia central é a de que uma pequenina mudança no início de um evento qualquer pode trazer conseqüências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro.  A relação do “Efeito Borboleta” com a extinção dos animais é clara: toda vez que há extinção, sofremos direta e indiretamente.


Sem condições de viverem em paz em seus habitats, animais silvestres vêm, constantemente, invadindo as residências das cidades. Foto: Divulgação

O desequilíbrio na cadeia alimentar é um dos problemas detectados. Quando há perda definitiva de algumas espécies, há também o desaparecimento dos predadores. E, quando não desaparecem, pode haver a migração para as cidades, como o caso de grandes felinos que, em busca de alimentos podem até sair da área silvestre e “invadir” a área urbanizada, conforme notícias proliferadas nas mídias, com uma frequência cada vez maior e com riscos tanto para as pessoas quanto para os próprios animais.



Com a extinção, nós também perdemos na qualidade e quantidade de alimentos. Sem os predadores, lavouras ficam comprometidas pelo ataque contínuo de pragas. Com a perda de alimentos, há desemprego (muitos produtores e intermediários deixarão de faturar com a venda de sua produção) e prejuízos.


O gorila da montanha à caminho da extinção. Foto: Divulgação

Os insetos integram um grupo não menos importante, que não está na estatística mencionada acima, mas que também anda ausente dos campos e florestas mundiais. Esses bichinhos que, muitas vezes, são considerados imundos e desprezíveis, também integram o mundo animal e formam parte da maioria das cadeias alimentares dos seres vivos. Comem e são comidos por outros animais (de pássaros a mamíferos), consomem plantas, decompõe restos vegetais e animais, ajudam a dispersão de pólen e sementes, entre outros benefícios.


Os problemas na cadeia alimentar repercutem diretamente na saúde das plantações. Foto: Divulgação

A grande maioria das espécies de insetos é benéfica para os seres humanos e ao meio ambiente, e não tê-los significa que poderemos ter escassez de alimentos de grande relevância da nossa dieta, como o mel. Falando em mel, sabia que, ao menos 65% dos nossos alimentos vegetais dependem das abelhas. Encarregada da polinização de mais de 120 mil tipos de plantas floríferas no planeta, as abelhas são parte essencial no processo de produção de alimentos vegetais.  Se não fosse pelas abelhas, muitas plantas não resistiriam, uma vez que a polinização industrial ainda não é uma realidade tão avançada e nem de longe se compara ao processo natural. Ouvi de um meliponicultor: “Sem abelhas não há comida”. Achei forte o que ele disse mas vejo que, de certa forma, faz todo sentido. A garantia que os insetos dão ao equilíbrio da biodiversidade terrestre é tamanho que, se forem extintos, a vida tal qual a conhecemos poderia também deixar de existir.


A extinção de alguns animais e insetos prejudica diretamente as fontes de alimentos. Foto: Divulgação

Veja abaixo 3 outros motivos para entender de vez que nós já estamos sendo muito prejudicados pelo processo de extinção da fauna:

  • A “invasão” de doenças

Com problemas em seus habitats, algumas espécies portadoras de doenças, em alguns casos, poderão causar contágio aos seres humanos.

  • Alterações nas comunidades

A mudança no tempo fora de época, condições meteorológicas extremas e as variações no clima podem causar grandes problemas, como a seca, deslocamento de pessoas para lugares diferentes, destruição de grandes áreas e mais perda econômica.

  • A perda do capital natural

Pavan Sukhdev, economista indiano examinando o tamanho do prejuízo resultante da perda de animais e outras espécies, estima-se que há perda diretamente ligada ao bem-estar humano em termos de capital, chegamos ao valor de 2 trilhões a 4,5 trilhões de dólares anuais! Uma grande perda comprovada, infelizmente.



O peixe tristramella da mandíbula longa declarado extinto por causa da destruição do seu habitat. Foto: Divulgação

Rinoceronte-de-java: Declarado extinto em 2017. Foto: Divulgação

A ecologia não é e nem nunca será algo romântico e distante da nossa realidade. Somos parte deste ecossistema e urgem mudanças drásticas para mudar este quadro de extinção. Nos 500 milhões de anos de existência da Terra, houve cinco "extinções em massa" que levaram ao desaparecimento de 75% das espécies. O último episódio aconteceu cerca de 66 milhões de anos atrás, quando 76% de todas as espécies foram perdidas, incluindo os dinossauros, devido à atividade vulcânica, alterações climáticas e impacto de asteroides.


Veterano da lista de extinção, o Mico-leão-dourado continua na luta pela sobrevivência. Foto: divulgação

Os cientistas ressaltaram ainda que o foco na extinção de espécies leva a "uma falsa impressão de que o habitat da Terra não está ameaçado, e sim apenas lentamente entrando em um episódio de grande perda de biodiversidade". Essa visão negligencia as tendências atuais de declínios e extinções da população", afirma o estudo. "A aniquilação biológica resultante obviamente terá graves consequências ecológicas, econômicas e sociais". "A humanidade acabará por pagar um preço muito alto pela diminuição do único conjunto de vida que conhecemos no universo", alertam os cientistas.


Segundo o Ministério do Meio Ambiente, por conta de sua grande biodiversidade, o Brasil abriga mais de 20% da variedade de espécies do planeta e por isso está entre os 17 países com maior diversidade do mundo. Um bom motivo para gerarmos consciência e preservarmos a natureza, para não perdermos tudo isso no futuro.


Urgem medidas eficientes para a conscientização e criação de ações prioritárias em respeito à vida animal. Não há como negar que vivemos em uma cadeia produtiva, interligada e com conexões fortíssimas dentro de um grande” mundo” chamado biodiversidade.

Façamos a nossa parte denunciando a caça ilegal e os maus tratos; evitando comprar produtos advindos do sacrifício desses seres vivos; cobrando das autoridades mais assertividade na fiscalização dos maus tratos aos animais; apoiando campanhas contra a extinção, dentre outras ações.


Com informações das preciosas fontes abaixo:

www.anda.jor.br

www.ciclovivo.com.br

www.pensamentoverde.com.br

www.globonatureza.com.br


Camila Malacarne

Produtora cultural em iniciativas socioambientais

Instagram: @milamalacarne




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